Por Maurício Nogueira
“Já tem uns vinte anos que foi quando comecei trabalhar, profissionalmente, com a arte do desenho, sobrevivendo da arte.”
Ao tocar o grafite da ponta do lápis no papel branco, o desenhista profissiional, Estevam Mendes, transforma os traços em rostos captando a emoção de quem é retratado. O talento flui pelos seus dedos. As formas são reveladas a cada movimento das mãos, sempre com lápis, entre os dedos e muita técnica apuradíssima. O desenhista de 54 anos já foi professor e tem ateliê na própria residência. Mas quem passa em uma galeria do Setor Comercial Sul, em frente ao Shopping Pátio Brasil contempla sua arte em cavaletes e o próprio artista trabalhando. Ao desenhar, se diverte. Além de se divertir, desenhar, profissionalmente, o faz se sentir bem, segundo ele mesmo explica.
O desenhista descobriu sua arte há muitos anos. Quando era criança, assistia desenhos animados e se inspirou. Iniciou a sua arte assim, fazendo a tentativa e muito curioso em saber qual seria o resultado da iniciativa. Ao notar que os traços copiados estavam bem parecidos com o que via, entendeu que valeu a pena colocar em prática os primeiros traços. O resultado da curiosidade foi a contento.
“Desde criança tenho esse sonho de desenhar”, complementou. Ele conta que chegou a desenhar histórias em quadrinhos. No entanto, mais tarde reconheceu que seu desempenho melhor era desenhar seres humanos.
Mendes conta que o seu forte é o realismo, mais, precisamente, figuras humanas. A modalidade é apaixonante para quem cria e para quem contempla.
Contemple, abaixo, o trabalho de Mendes ao retratar o rosto conhecido.
Mariana Ximenes, pelo desenhista Estevem Mendes
Ao longo de sua vida, o desenhista confidenciou que nunca teve incentivo de ninguém. O que mais ouviu foram conselhos, entremeados de elogios em relação ao bom traço. Além disso, seu talento era reconhecido e que deveria insistir na jornada artística.
Gostar de desenhar por hobby sempre marcou a vida de Mendes. Desenhava namoradas entre outras figuras humanas. Experiente, o artista se viu como profissional há muito tempo. “Já tem uns vinte anos que foi quando comecei trabalhar profissionalmente com a arte do desenho, sobrevivendo da arte.”
O caminho que o desenhista trilhou para chegar ao que o satisfaz passou por diversas experiências. Pintou tela, muitas paisagens, também abstratos, mangá, impressionismos, pintura barroca, que inclusive gosta muito, praticamente, todos os estilos de arte. Mendes preferiu abraçar o desenho porque utiliza lápis, borracha, algodão e o papel, nada mais. Ele também curte desenhar pessoas ao vivo e a predileção é por figuras humanas é o que lhe dá prazer e faz se sentir bem.
Musa
Ao ser questionado qual fora a primeira musa que desenhou e que gostou do que viu ao concluir foi uma professora. “Quando ela lecionava e escrevia no quadro negro eu a desenhava. Essa foi a primeira musa, que por sua vez era muito bonita. E foi o que me despertou o desejo de desenhá-la, na primeira série.”
Nessa fase da vida, Mendes sublinhou que não só os elogios que recebia, mas ele próprio percebia que detinha um diferencial, reconhecendo que lhe fazia bem. Na visão do artista, a arte é como se fosse uma terapia. E como tocar violão, por exemplo. Se alguém está melancólico e começa a tocar esse instrumento ou outro qualquer as coisas vão mudando, o bem-estar dessa pessoa aflora. “Desenhar, para mim, é a mesma coisa”, frisa.
Quando conversei com Mendes, ele desenhava um pai e uma mãe com um bebê no colo ao centro. O que chamou minha atenção foi o olhar da criança. Eu, embasbacado, pensei em voz alta, como ele consegue captar esse olhar do rosto do bebê. Ao ouvir essa minha pergunta, ele mostrou a foto da criança. Aí, que eu fiquei mais absorto. Era idêntico, o olhar que vi no rosto da criança e o que ele havia reproduzido no trabalho em fase de processo ainda.
O marido, ao ver as obras de Mendes nos cavaletes explanou a ele que gostaria da reprodução da família dele no papel no estilo produzido pelo desenhista. As pessoas se deslumbram com a qualidade e dos traços do artista e se interessam em retratar fotos entes queridos ou as próprios pessoas que admiram o trabalho diferenciado do artista.
Mendes, que tem muita sensibilidade traduziu em palavras qual é o efeito da arte nas pessoas que apreciam o trabalho dele. A arte causa impacto em quem passa pelos cavaletes onde estão os desenhos expostos. Ao lado de onde ele, sentado, transfere seu talento para o papel com preciosismo. “As pessoas param para analisar, veem os detalhes e algumas ficam encantadas e, aí, se interessam e querem possuir uma obra dessa também e acabam encomendando uma obra”, realça.
O desenho realista atravessa os tempos. É a arte da resistência. Transcende limites através da história e cultura. Na essência, o desenho a lápis é composto, basicamente, de linhas, com algumas texturas e sombreados. Entretanto, no caso de Estevam Mendes, o diferencial é o hipertalento que se traduz em hiper-realismo como ponto fora da curva.
SERVIÇO
Desenhista profissional: Estevam Mendes
Contato: 61 9914 25 62
Mín. 17° Máx. 23°
Mín. 17° Máx. 26°
Chuvas esparsasMín. 18° Máx. 28°
Chuvas esparsas