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Internacional LULA NA RÚSSIA

Lula participa do Dia da Vitória na Rússia ao lado de Putin e Xi

Líderes dos principais países europeus não foram à Rússia por reprovar a guerra do país contra a Ucrânia, em curso desde 2022

09/05/2025 09h49
Por: Redação
Presidente Lula e Vladimir Putin se cumprimentam / Ricardo Stuckert / PR
Presidente Lula e Vladimir Putin se cumprimentam / Ricardo Stuckert / PR

Por Maurício Nogueira

O presidente Lula (PT) participa hoje, em Moscou, da comemoração pelos 80 anos da derrota da Alemanha nazista para o exército soviético na Segunda Guerra Mundial, em 1945. Em meio ao conflito da Rússia contra a Ucrânia, o evento é marcado pela ausência de líderes de potências ocidentais. Lula assiste nesta manhã ao desfile do Dia da Vitória na Praça Vermelha, em Moscou. O governo de Vladimir Putin aproveita o 9 de Maio para demonstrar força e exibir o poder bélico russo, com desfile militar e exposição de armamentos. Segundo o Kremlin, 29 chefes de Estado estrangeiros estarão presentes, mas nem todos os nomes foram divulgados.

O convidado de maior relevo é o presidente da China, Xi Jinping. Das Américas, além de Lula, foram divulgados os nomes dos ditadores da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Mas são as ausências que mais chamam atenção.

Os líderes dos principais países europeus não foram à Rússia por reprovar a guerra do país contra a Ucrânia, em curso desde 2022. Apoiador do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, o governo alemão, que vetou a Rússia em suas celebrações, nem foi convidado. Lideranças do Reino Unido da França e dos Estados Unidos, que compuseram os Aliados junto com a União Soviética, também não foram.

Lula terá uma reunião bilateral com Putin. O presidente tenta conquistar um papel de mediador na guerra contra a Ucrânia, mas críticos apontam que terá dificuldade em ser aceito devido ao que é visto como proximidade com Putin. Quando assumiu, o brasileiro procurou um diálogo, mas não conseguiu avançar, com resistência também de Zelensky. Em ligação, Lula teria pedido fim da guerra.

Em entrevista à revista norte-americana The New Yorker, Lula afirmou que, nas últimas semanas, conversou com Putin e pediu que ele "volte à política". "Liguei para o Putin e disse: 'Putin, acho que é hora de você voltar para a política. Coloque um fim nisso [na guerra na Ucrânia]. O mundo precisa de política, não de guerra", disse.

Na quinta-feira, o presidente e a primeira-dama, Janja, jantaram com o russo. Foi o primeiro encontro dos mandatários neste mandato de Lula. Condenado pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), Putin pode receber voz de prisão se entrar nos países signatários, inclusive o Brasil, o que tem impedido sua ida às cúpulas internacionais, como o G20 no Brasil e as assembleias da ONU (Organização das Nações Unidas).
Para especialista, porém, tom neutro e pacificador do Brasil beneficia a Rússia.

"A contradição é proposital", diz Giovana Branco, especialista em relações Brasil-Rússia pela USP (Universidade de São Paulo). "É pouco provável que o presidente Lula seja considerado para uma mediação enquanto se aproxima de Putin. Ao evitar um posicionamento, ele demonstra a sua opinião."

"Lula mostra que está traçando um caminho independente", afirma Angelo Segrillo, especialista em história da Rússia também pela USP. Ele lembra que o Dia da Vitória é uma das datas mais importantes da história russa e que a presença de lideranças internacionais era comum antes da guerra com a Ucrânia. Desta vez, Lula é minoria.

Lula também terá uma reunião bilateral com o primeiro-ministro da Eslováquia. Polêmico, Roberto Fico é crítico da Ucrânia e flerta com práticas autocratas, com ataques às instituições em seu país. A reunião bilateral estava prevista para acontecer no Brasil em 2024 e foi reagendada após Lula ser internado para uma cirurgia de emergência.

De Moscou, o presidente segue para a China, em outro aceno aos Brics. Com Xi Jinping, Lula deve conversar sobre alternativas às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o plano é ampliar as relações econômicas entre os países. Com informações do UOL.

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