Não vamos ter medo de nossos medos!

(Brasília-DF) Na abertura de “Medo Líquido” , de Zigmunt Baumann, ele cita  a seguinte frase de Franklin Delano Roosevelt, ao tomar a posse a primeira vez como presidente dos Estados Unidos, em 1933, logo após a crise da Depressão com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York: “Permitam-me afirmar minha crença inabalável de que a única coisa que devemos temer é o próprio medo”.

As eleições municipais, em segundo, chegam ao final e não precisa ter dois olhos para ver que a Esquerda saiu enfraquecida, a Direita se fortaleceu e o chamado Centro foi o grande vencedor. Nessa reta final das 51 cidades, em segundo turno, mostra o PL de Bolsonaro com a maior quantidade de prefeituras e vereadores em cidades com mais de 200 mil eleitores, no entanto os partidos do Centrão têm a maioria dos eleitores e eleitoras.  

Ficou claro o anti petismo e o anti bolsonarismo, mesmo com vitorias do PL, pois os vencedores preferiram falar mais de cidades e conservadorismo do que Bolsonaro, pra horror do mesmo, como se viu na postura do mesmo atuando contra lideranças de direita e conservadoras que antes lhe deram apoio. 

A eleição foi para cidades, mas se Lula e Bolsonaro não foram vencedores, ficou claro que a sociedade não vê que as Esquerdas tenham soluções para elas, mas que estão dando chance ao conservadorismo, mesmo sem saber o que virá de lá, sem Bolsonaro.

Não precisa ter dois olhos para ver isso, e algo mais!  O que preocupa é aquilo que já venho dizendo a algum tempo, e tem tudo a ver com o medo do desconhecido.

Não se está satisfeito com a mesa que está na sala, mas antes de tirá-la do lugar temos que colocar outra coisa no lugar, mesmo que não seja outra mesa!  A sala não poderá ficar vazia, pois se corre o risco do vazio se apoderar do ambiente, o que dá espaço ao que não se entende e nem sabe onde vai dar! O vazio é sempre perigoso.

Se diz na política que não existe vazio de poder, alguém vai lá e ocupa. Não interessa a sociedade, neste momento especial em que estamos na encruzilha ambiental das novas energias renováveis e da inteligência artificial, que não tenhamos algo mais sólido no meio da sala.

Se as Esquerdas já sabiam que sua base social estava mudando e não quiseram enfrentar ,pois isso atingia sua lógica de construção sócia, a Direita logo percebeu o que estava mudando, se aproveitou das respostas fáceis e expôs as claras dificuldades das Esquerdas em se reinventarem. O que nos preocupa é que as aparentes soluções que se apresentam não são razoáveis. Não são suficientes.

Os novos gestores virão, os novos representantes do povo vão assumir nas Câmaras Municipais. Muitos municípios estão em boas condições financeiras e os dilemas serão postos em nossa frente. 

À primeira vista, o grande destaque, nas grandes cidades, será o tal do empreendedorismo como palavra chave para o tal empoderamento dos trabalhadores, que não querem ser trabalhadores, mais prósperos. Querem um Estado que lhes seja amigo e o apoio no caminho do sucesso, não obrigatoriamente da felicidade.

O trabalhador das cidades não quer ser feliz, quer ser próspero.  Será que logo em seguida as pessoas vão querer ser felizes?  Se as Esquerdas não estão sabendo fazer as pessoas serem prósperas e ao mesmo tempo felicidades, pergunta-se: o retomado conservadorismo centrista vai saber dar as repostas nas cidades?

Não vamos ter medo de enfrentar nossos medos!

Por Genésio Araújo Jr, jornalista

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