Por Maurício Nogueira
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu pelo menos 528 pessoas envolvidas em facções criminosas na capital do país desde 2014. Ao todo, foram 27 operações realizadas contra os grupos ao longo dos últimos anos, segundo dados levantados pelo R7 via Lei de Acesso à Informação. O levantamento considera as operações deflagradas pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da PCDF , o que indica que o número pode ser maior quando levado em conta outros departamentos da polícia.
Segundo o Decor, o ano com mais prisões foi 2018, com a Operação Hydra, que sozinha contabilizou 72 presos. A ação foi feita contra uma facção responsável por homicídios, tráfico de drogas e assaltos em diferentes cidades do país. Na ocasião, a polícia cumpriu mandados em Águas Lindas (GO), Santo Antônio do Descoberto (GO), São Paulo (SP), Praia Grande (SP) e Curitiba (PR).
“O trabalho tem-se intensificado nos últimos anos, especialmente com operações estratégicas, como a série ‘Saturação’, que contabilizou um aumento significativo em 2024. Mais recentemente, o Decor tem adotado um viés estratégico voltado ao ataque ao aspecto financeiro das facções criminosas. Esse foco busca desestruturar as bases econômicas que sustentam essas organizações, com ações incisivas na identificação de empresas de fachada, lavagem de dinheiro e ocultação de bens”, observou o Decor.
Segundo o departamento, a “tendência para os próximos anos é de aumento expressivo no número de operações, impulsionado pela utilização de novas ferramentas investigativas, maior capacitação técnica das equipes e fortalecimento da integração com outros órgãos fiscalizadores”.
Trabalho de inteligência
Em entrevista exclusiva ao R7, o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, comentou sobre o trabalho realizado pela inteligência para impedir a entrada e o avanço de facções criminosas no DF.
“Acho que a gente tem sido muito bem-sucedido nesse propósito de manter as facções longe da capital. Aqui em Brasília a gente tem acompanhado e monitorado esse movimento [das facções], e não há indicativo de que haja um crescimento delas”, observou.
Avelar pontuou que o problema das facções é nacional. “Podemos dizer que todas as regiões do país têm esse problema, de criminosos que se apresentam com algum tipo de organização e que acabam sendo objeto de preocupação. Mas a gente tem feito um combate muito efetivo e não temos, no DF, registros de crimes cometidos com armamento pesado. Não há notícias de uso de fuzis na capital, por exemplo”, citou.
O secretário explicou que a polícia trabalha, preventivamente, e integrada a outros órgãos.
“É feito um trabalho preventivo, que é o trabalho que a Polícia Civil vem fazendo, com muita competência, em parceria com a Polícia Penal, com muitas informações que vêm também dos presídios, sejam eles estaduais ou federais. Então, é uma integração que tem muita importância nesse processo.”
Avelar disse que a facção nativa do DF, o Comboio do Cão, requer uma atuação mais direta da polícia, porque “tem um número grande de pessoas vinculadas, embora muitas delas já estejam presas”. Segundo ele, as principais lideranças estão presas.
“Temos hoje um mapeamento muito bem feito de onde elas estão, por isso estamos conseguindo conter muito os crimes e a violência, que caminham junto com esses grupos criminosos”, assegurou.
Presos perigosos
O titular da Secretaria de Segurança Pública comentou sobre a transferência entre presídios federais de presos de alto teor de periculosidade.
“O que é mais importante é ter informações [de inteligência], monitorar a situação. Temos um monitoramento dos presos e das pessoas que geralmente estão ligadas a eles. Qualquer tipo de movimentação, nós acompanhamos”, afirmou.
Outro ponto observado por Avelar são as ações contra o sistema financeiro das organizações.
“A gente precisa impedir o movimento financeiro dessas facções, porque isso impede que elas se instalem no DF. Daí a importância das informações dos órgãos de controle, da fiscalização e do serviço de inteligência, principalmente porque temos, por exemplo, muitas empresas que são de fachada e que são identificadas com o trabalho de outras pastas. Além disso, a gente tem feito apreensões de drogas, que também são significativas, porque gera prejuízo ao crime organizado”, pontuou.
Crime que não respeita fronteiras
O secretário defendeu, além disso, a importância da integração das informações para o combate às facções. Atual presidente do Conselho Nacional de Secretário de Segurança Pública (Consesp), Avelar disse que o trabalho é integrado entre diversas pastas do Brasil.
“O trabalho é integrado, e precisa ter troca de informações entre órgãos de instâncias diferentes, o que tem sido bastante produtivo e é um método de aproximar as corporações. É necessário uma relação de confiança para facilitar o trabalho de prevenção ao crime organizado. Diálogo constante e serviços de inteligência são o caminho”, garantiu. Com informações do R7.
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