Por Maurício Nogueira
Um estudo realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp, mostra que o Brasil está enfrentando uma questão bastante desafiadora no sistema escolar: o aumento progressivo da violência. A pesquisa se concentrou em 10 anos de dados analisados entre 2013 e 2023, sendo que o pico dos casos ocorreu entre 2022 e 2023.
De acordo com dados destacados pelo Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) A violência interpessoal nas escolas subiu de 3,1 mil vítimas para 13,1 mil neste período. Os casos envolveram violência autoprovocada (ou seja, automutilação, autopunição, ideação suicida, tentativas de suicídio e suicídios), tipo de agressão que aumentou 95 vezes no recorte temporal avaliado.
O estudo cruza informações do governo federal com diversas entidades especializadas e, de forma geral, entre as principais hipóteses da violência estão a desvalorização dos professores, os discursos de ódio e o despreparo de secretarias de educação para lidar. A escalada deste tipo de fenômeno ultrapassou os 13 mil atendimentos na rede hospitalar em 2023.
O Ministério da Educação (MEC) reconhece alguns tipos de violência que afetam a comunidade escolar.
Em relação à melhoria no clima institucional nas escolas, a pedagoga Telma Vinha, da Unicamp, afirma que esse é um dos elementos que mais afetam negativamente os estudantes. “Os adolescentes raramente contam suas desavenças aos adultos. Por isso, é fundamental ouvi-los sobre essas questões”, observa a pesquisadora.
A banalização do bullying também é apontada como uma falha. “Denominar atitudes de racismo e misoginia como bullying acaba escondendo a razão por trás das intimidações, dificultando a formulação de respostas eficazes”, afirma a psicóloga Ângela Soligo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “A mediação entre agressores e agredidos ajuda a solucionar desavenças pontuais, mas, se não houver um trabalho para discutir o racismo e a misoginia, por exemplo, no futuro a agressão acaba se repetindo com outros alunos”, alerta a psicóloga.
No caso das escolas particulares, a pedagoga Luciene Regina Paulino Tognetta, da Unesp, considera que uma das falhas é a resistência em acionar o Conselho Tutelar em situações graves, com receio da reação das famílias e da exposição negativa na mídia. “Se o aluno apresenta um comportamento recorrente de perseguição a um colega, ele precisa de acompanhamento psicológico. Se os pais não garantirem esse suporte, o Conselho Tutelar deve ser acionado”, defende a pesquisadora.
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