Por Maurício Nogueira
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva assistiu a oposição implacar Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com mais de 250 assinaturas. A reação da base aliada é tentar assumir o controle da comissão.
Até semana passada, o plano do governo era o de pressionar parlamentares para retirarem assinaturas e impedir a criação da CPMI. Mas com o presidente do Senado e Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) indicando que o caminho estava livre demais para ser bloqueado, os aliados do Planalto refizeram os cálculos, no sentido de garantir a presidência e, principalmente, a relatoria da CPMI. Um nome pode ser catapultado. Trata-se da deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
O senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado, reforçou essa guinada de rota com discurso afinado. "Na condição de líder do PT, nós vamos defender que o partido participe dessa CPI. Mas não uma CPI para avaliar e fazer disputa e palanque eleitoral, mas para investigar e apontar os responsáveis e botar na cadeia aqueles que roubaram aposentados e pensionistas do INSS", declarou durante audiência da Comissão de Transparência, que, nessa quinta-feira (15), recebeu o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), um dos condutores do pedido de CPMI, disse que o Planalto tenta repetir uma velha prática: tomar conta da CPI para esvaziá-la, politicamente, ou ao menos tirar o foco do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Só espero que não sabotem, não boicotem como fizeram na CPMI do dia 8 de janeiro, quando tomaram a presidência, tomaram a relatoria, para não deixar aprovar o requerimento de quebra de sigilo e de uma série de situações", destacou o senador.
O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, disse não ser contra a criação da Comissão, mas teme que ela possa interferir no trabalho do Executivo.
"Temo que a investigação parlamentar possa atrapalhar as apurações em andamento ou até mesmo atrasar o ressarcimento das vítimas", afirmou.
O regimento comum do Congresso Nacional é claro: com a assinatura de pelo menos um terço dos deputados e um terço dos senadores, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito está automaticamente instituída.
A instalação da CPMI deve ocorrer apenas em junho, após a leitura do requerimento em sessão marcada para 27 de maio. Mas Alcolumbre, em uma tática mais sutil, pode adiar a sessão conjunta do Congresso.
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