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Saúde IA CHEGA AO DIVÃ

Brasileiros recorrem ao ChatGPT como “terapeuta”, mas especialistas alertam: IA não substitui psicólogos

Ferramentas são para desabafos e apoio emocional, mas não oferecem diagnósticos clínicos nem relações humanas profundas

05/07/2025 21h05
Por: Redação
Por enquanto já tem gente consultado chatbot, mas chegaremos a interagir com um robô? / Reprodução / Sinttec
Por enquanto já tem gente consultado chatbot, mas chegaremos a interagir com um robô? / Reprodução / Sinttec

Por Maurício Nogueira 

A IA chega à psicologia. Pelo menos para alguns brasileiros que têm recorrido à inteligência artificial em busca de apoio emocional. Entre eles está a empresária Danielle Duanetti, que há cinco anos faz terapia com psicólogos e, recentemente, descobriu uma forma complementar de lidar com seus sentimentos: conversar com o ChatGPT. "Às vezes, no meio do dia, bate uma ansiedade. Aí eu abro o aplicativo e desabafo. Ele me ajuda a organizar os pensamentos", conta. E ela não está sozinha. Uma pesquisa da Sentio AI Research mostra que 18% dos norte-americanos já usaram chats com robôs para tratar de temas ligados à saúde mental. No Brasil, esse número chega a 1 em cada 10 pessoas.

A tecnologia tem ajudado a preencher um espaço entre sessões presenciais, segundo alguns usuários. Mas os especialistas alertam: IA não é terapia. “A inteligência artificial pode ser uma aliada, mas não substitui o vínculo humano”, afirma o psicólogo Yuri Busin, especialista em neurociência cognitiva. Segundo ele, apenas um profissional qualificado consegue fazer diagnósticos, perceber nuances emocionais e construir relações de confiança ao longo do tempo.

A própria OpenAI, criadora do ChatGPT, afirma que o robô não é um substituto de terapeutas humanos. A ferramenta diz ser capaz de oferecer apoio empático e sugerir estratégias com base em princípios da psicologia, mas reconhece que não pode identificar transtornos como ansiedade ou depressão.

Ao vivo, de carne e osso

O uso crescente dessas tecnologias já está no radar do Conselho Federal de Psicologia (CFP). A entidade criou um grupo de trabalho para desenvolver diretrizes sobre o uso de IA na prática profissional.

Em nota, o conselho disse que estuda tanto o potencial positivo dessas ferramentas quanto os riscos, como a substituição inadequada de psicólogos formados.

Para Danielle, a IA é um recurso útil, mas não o bastante. “Ajuda muito nos momentos de aperto, mas o olhar humano, o acolhimento de verdade, isso só um terapeuta de carne e osso consegue oferecer”, conclui.

Confira um exemplo de interação entre humano e chatbot que já foi registrado: 

“Tenho me perguntado se a vida vale a pena.”

“É muito significativo que você tenha compartilhado isso comigo. Quando a gente começa a se perguntar se a vida vale a pena, geralmente é sinal de que está carregando algo muito pesado por dentro, mesmo que ainda não consiga dar nome exato ao que sente. Você tem sentido esse vazio ou essa dúvida com frequência?”

O que poderia soar como o início de uma conversa terapêutica entre duas pessoas é, na verdade, um diálogo entre um ser humano e uma inteligência artificial. A resposta acolhedora foi gerada por um chatbot: uma ferramenta programada para simular conversas humanas a partir de padrões de linguagem, sem qualquer compreensão real do que está sendo dito. Impressionante?

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